
Nos últimos anos, o termo C-Level se popularizou no mundo corporativo, pintando crachás com títulos como CEO, CTO, CMO e tantos outros que, à primeira vista, parecem sinalizar sofisticação organizacional e maturidade estratégica. Mas será que essas siglas representam funções reais ou são apenas enfeites em empresas onde o glamour do Vale do Silício foi mal traduzido? Então, aqui no artigo C-Level importa?, vamos explorar a origem desse modelo, seu significado prático, os principais cargos envolvidos e como ele se aplica na realidade das empresas brasileiras.
Mas, além do artigo C-Level importa?, aqui no blog também temos diversos outros artigos sobre kubernetes, desenvolvimento, gestão, devops, etc. Veja alguns exemplos: Diferenças entre Paradigmas, Axiomas e Hipóteses, Desenvolver na empresa ou comprar pronto, Fuja da otimização prematura, entre outros.
Sumário
- O que é C-Level ?
- Mas no Brasil não é bem assim
- TOP 15 C-Levels mais importantes
- CEO – Chief Executive Officer (Diretor Executivo / Presidente)
- COO – Chief Operating Officer (Diretor de Operações)
- CFO – Chief Financial Officer (Diretor Financeiro)
- CTO – Chief Technology Officer (Diretor de Tecnologia)
- CIO – Chief Information Officer (Diretor de TI / Informação)
- CMO – Chief Marketing Officer (Diretor de Marketing)
- CPO – Chief Product Officer (Diretor de Produto)
- CHRO – Chief Human Resources Officer (Diretor de Recursos Humanos)
- CISO – Chief Information Security Officer (Diretor de Segurança da Informação)
- CDO – Chief Data Officer (Diretor de Dados)
- CSO – Chief Strategy Officer (Diretor de Estratégia)
- CBO – Chief Brand Officer (Diretor de Marca)
- CGO – Chief Growth Officer (Diretor de Crescimento)
- CXO – Chief Experience Officer (Diretor de Experiência)
- CLO – Chief Legal Officer (Diretor Jurídico)
- Outros C-Levels (menos comuns)
- C-Level importa?
- Conclusão de C-Level importa?
- Desvendando o Context Map
- O que é IOF?
- Diversifique sua carteira! Ou melhor não?
- O que é a TAC?
- Como é a informação, vista como bem econômico?
- ChatGPT-7
- Crédito ou Débito?
- Porque você já deveria estar usando Hashicorp Consul?
O que é C-Level ?
Para começar, esse termo vem dos Estados Unidos a medida que mais empresas se tornaram mega-corporações, multinacionais passando a ter uma separação entre investidores, membros de conselho e gestores. Assim, os gestores executivos são aqueles que represetam a personalidade da empresa, os valores, sua foma de ver as relações de negócio e estratégia. Os “chefes” são chamados no Brasil de diretores, mas vamos ver a seguir que nem sempre é bem asssim.
Os C-Levels possuem uma nomenclatura padronizada. Por exemplo, o responsável por toda a parte executiva de uma organização é chamado de presidente, diretor geral, fundador, etc. mas nesse modelo são os CEO (Chief Executive Officer). Há diversos outros como CTO (Chief Technology Officer) ou CFO (Chief Financial Officer), seguindo esse modelo, que discutiremos em detalhes em breve.
A estrutura C-Level se tornou padrão em multinacionais e empresas de capital aberto, onde governança, transparência e clareza de papéis são obrigatórios. Com o tempo, esse modelo se espalhou globalmente, inclusive no Brasil, mas aqui, claro (!), com nossas particularidades.
Mas no Brasil não é bem assim
Não é raro você procurar no Linkedin por empresas e encontrar seus CEOs que cuidam do marketing, finanças, ti, editam relatórios, respondem chamados com seus 2 funcionários. Parece ridículo mas precisamos entender esse fenômeno de alguns pontos de vista diferente.

1 – O Brasil é um país pobre
Então, é fundamental reconhecer nossa realidade em que mesmo pessoas ditas afortunadas aqui possuem condições semelhantes à classes médias europeias. Se isso é verdade para a sociedade, isso também é verdade para as empresas. Oferecer cargos que inflam egos podem ser uma ferramenta de mercado, que pode ser cara e por isso acumulada com atribuições não naturais ao cargo.
2 – Controle é custo, qualidade é custo, educação é custo: vamos cortar custo
Há outro ponto relevante quando observamos que implementar controles, processos, disciplinas geram muitos custos que por vezes são impraticáveis pelos empresários. Assim, muitas vezes vale mais o risco de deixar as coisas meio caóticas do que organizar sem impactar no preço final do produto ou serviço. Então, na prática isso gera um desprezo endêmico por governança, por qualidade e até por educação. Se por um lado todos falam que educação é importante, por outro poucos empresários estão dispostos a encarar por considerarem como um investimento de alto risco.
Assim, dito isto, podemos observar que muitos C-Levels são despreparados e atuam essencialmente em funções operacionais ou táticas; quando muito fazem ações estratégicas sem o conhecimento adequado. Mas veja, o modelo de C-Levels foi criado exatamente para suportar um modelo de governança robusto.
3 – Desconhecimento sobre a própria estrutura da organização
A maneira como o poder flui nas organizações, bem como a cultura que os C-Levels impõe, é o terceiro ponto de vista que destaco. Assim, o conceito de accountability (significa: algo como responsabilidade pelo que faz) deve fluir pelo níveis da organização de maneira sutil e clara. Desse modo, algumas empresas implantam um design organizacional centralizado, outros distribuídos, “modelo Spotify” (que nem o próprio Spotify segue), ou anárquico. Então, o problema é que a percepção de arquitetura corporativa e como isso apoia a estratégia nem sempre é objeto de interesse. Desse modo, na prática muitos C-Levels vivem e constroem firewalls entre eles e seus subordinados garantindo cegueira e respostas falsas de que tudo segue bem e feliz.
TOP 15 C-Levels mais importantes
Veja uma listagem que extraí com os 15 C-Levels mais conhecidos e relevantes. Mas veja que na prática várias dessas posições são consolidadas numa só. Por exemplo, algumas empresas chamam de Diretor de TI um CIO + CTO + CISO + CDO.

CEO – Chief Executive Officer (Diretor Executivo / Presidente)
O CEO é a principal liderança da empresa, responsável por definir a visão, a cultura e a estratégia organizacional. Assim, atua como representante máximo perante o mercado e o conselho. Então, espera-se que tenha visão sistêmica, alta capacidade de comunicação, liderança inspiradora e inteligência política. Trabalha diretamente com todos os outros C-Levels para alinhar decisões e guiar a empresa rumo aos objetivos de longo prazo.
COO – Chief Operating Officer (Diretor de Operações)
Responsável por garantir que a estratégia definida pelo CEO seja executada de forma eficaz no dia a dia. Coordena processos, entregas e melhorias operacionais. Assim, precisa ser altamente organizado, orientado a resultados e ter profundo conhecimento de processos internos. Costuma ser o braço direito do CEO, com forte presença nas áreas produtivas e operacionais da empresa.
CFO – Chief Financial Officer (Diretor Financeiro)
Lidera a área financeira da empresa, sendo responsável por orçamento, planejamento, fluxo de caixa, investimentos, auditorias e relação com investidores. Requer domínio em contabilidade, modelagem financeira, compliance e visão estratégica. Atua com o CEO e o COO, auxiliando em decisões de alto impacto com base em dados financeiros sólidos.
CTO – Chief Technology Officer (Diretor de Tecnologia)
É o responsável pela estratégia tecnológica da empresa. Define a arquitetura dos sistemas, lidera os times de engenharia e garante que a tecnologia esteja alinhada ao negócio. Assim, precisa dominar engenharia de software, inovação, segurança e práticas ágeis. Desse modo, trabalha lado a lado com o CPO e CIO, criando soluções escaláveis e sustentáveis.
CIO – Chief Information Officer (Diretor de TI / Informação)
Cuida da infraestrutura tecnológica interna da empresa: redes, servidores, sistemas, suporte, segurança e compliance de TI. Assim, exige conhecimentos sólidos em governança, infraestrutura, LGPD e contratos com fornecedores. Desse modo, atua com o CFO, CTO e CISO para garantir estabilidade e eficiência nos recursos tecnológicos corporativos.
CMO – Chief Marketing Officer (Diretor de Marketing)
Lidera as estratégias de marketing, comunicação, posicionamento e geração de demanda. Equilibra criatividade com análise de dados, branding com performance. Assim, trabalha em sintonia com o CPO, CGO e CEO, sendo responsável por manter a empresa relevante e desejável no mercado.
CPO – Chief Product Officer (Diretor de Produto)
Responsável por definir a visão de produto, suas prioridades e evolução. Conecta o desejo do cliente com a entrega técnica, sendo o elo entre negócio, design e tecnologia. Precisa dominar discovery, UX, métricas e liderança de times ágeis. Atua fortemente com o CTO, CMO e CXO.
CHRO – Chief Human Resources Officer (Diretor de Recursos Humanos)
Lidera as áreas de recrutamento, cultura, desenvolvimento de pessoas, clima organizacional e relações trabalhistas. Então, um bom CHRO combina escuta ativa, visão estratégica, domínio legal e empatia. Desse modo trabalha com o CEO e os demais executivos para formar e manter um time saudável e alinhado aos valores da empresa.
CISO – Chief Information Security Officer (Diretor de Segurança da Informação)
Responsável por proteger os dados e sistemas da empresa. Define políticas de segurança, previne ataques cibernéticos e garante conformidade com normas como LGPD, ISO, NIST e afins. Atua com CIO, CTO e jurídico, gerindo riscos de forma proativa e estratégica.
CDO – Chief Data Officer (Diretor de Dados)
Lidera a governança e o uso estratégico dos dados. Garante qualidade, acessibilidade e valor analítico das informações. Domina BI, arquitetura de dados, data governance e ferramentas analíticas. Trabalha com CFO, CMO e CTO para transformar dados em vantagem competitiva.
CSO – Chief Strategy Officer (Diretor de Estratégia)
Trabalha em parceria com o CEO para definir e acompanhar a execução da estratégia da empresa. Costuma coordenar OKRs, apoiar decisões de fusão e aquisição e antecipar tendências de mercado. Atua com todos os C-Levels, sendo uma mente analítica e de longo prazo no time executivo.
CBO – Chief Brand Officer (Diretor de Marca)
Cuida da identidade, reputação e narrativa institucional da empresa. Atua com branding, comunicação e alinhamento da imagem externa com os valores internos. Trabalha com o CMO, RH e CEO, garantindo consistência entre o que a empresa é e o que ela comunica.
CGO – Chief Growth Officer (Diretor de Crescimento)
Foca obsessivamente em crescimento de receita e base de clientes. Integra áreas como marketing, produto e vendas para escalar o negócio. Conhece profundamente os funis de conversão, métricas, experimentação e performance. Trabalha com CMO, CPO e CFO para identificar e acelerar alavancas de crescimento.
CXO – Chief Experience Officer (Diretor de Experiência)
Responsável pela experiência do cliente, usuário ou colaborador. Mapeia jornadas, remove atritos e propõe experiências encantadoras. Requer empatia, domínio em UX, design thinking e mentalidade centrada no cliente. Atua com CPO, CMO, CHRO e suporte para garantir experiências consistentes.
CLO – Chief Legal Officer (Diretor Jurídico)
É o responsável por todos os assuntos legais e regulatórios. Atua em contratos, litígios, estrutura societária, privacidade e ética corporativa. Requer sólida formação jurídica e capacidade de apoiar decisões estratégicas com segurança legal. Atua com CEO, CFO e CISO, protegendo a empresa de riscos legais.
Outros C-Levels (menos comuns)
Há um grande conjunto de C-Levels que dependem somente da criatividade de cada organização. É bem verdade que eles praticamente não são vistos, mas vale como conhecimento, mantendo a dúvida se C-Level importa?
CINO – Chief Innovation Officer
Responsável por liderar a inovação, experimentos e novos modelos de negócio.
CKO – Chief Knowledge Officer
Cuida da gestão do conhecimento, aprendizado e inteligência organizacional.
CDAO – Chief Data & Analytics Officer
Une governança de dados com análise preditiva e suporte à decisão.
CTrO – Chief Transformation Officer
Lidera programas de transformação organizacional e digital.
CECO – Chief Ethics & Compliance Officer
Garante integridade, ética corporativa e conformidade com leis e normas.
CWO – Chief Wellness Officer
Promove saúde, bem-estar e qualidade de vida dos colaboradores.
CMeO – Chief Medical Officer
Responsável técnico em empresas de saúde, hospitais ou farmacêuticas.
CSRO – Chief Sustainability & Responsibility Officer
Lidera a agenda ESG, impacto ambiental e responsabilidade social.
CAIO – Chief Artificial Intelligence Officer
Define e implementa a estratégia de uso de inteligência artificial.
CBO – Chief Business Officer
Cuida de parcerias, expansão e desenvolvimento de negócios.
CDEIO – Chief Diversity, Equity & Inclusion Officer
Promove diversidade, equidade e inclusão na cultura organizacional.
CLO – Chief Learning Officer
Foca no desenvolvimento de talentos e programas de capacitação.
CRIO – Chief Risk & Integrity Officer
Gerencia riscos corporativos e garante integridade institucional.
CCXO – Chief Customer Experience Officer
Garante que toda a jornada do cliente seja fluida e encantadora.
COS – Chief of Staff
Executivo de confiança do CEO, responsável por prioridades estratégicas e alinhamento interno.
C-Level importa?
Ok, mas a pergunta que fica é: C-Level importa? O uso de cargos C-Level realmente importa, mas o impacto varia conforme o porte e a maturidade da empresa. Assim, em grandes empresas, com operações internacionais, relações com investidores e exigência de governança, os títulos como CEO, CFO e CTO funcionam como linguagem padrão: reduzem fricção, organizam responsabilidades e facilitam o posicionamento institucional. Nesses casos, não é só um título bonito, mas sim é essencial da comunicação corporativa global.
Já em empresas médias, os títulos podem até colaborar com alinhamento interno e passar uma imagem mais profissional, mas frequentemente são usados sem que haja uma estrutura real por trás. Então, no Brasil, a confusão entre cargos é comum: coordenador manda em gerente, arquiteto de software vira cargo simbólico, e o CTO pode ser tanto o gestor da engenharia quanto apenas o dev mais antigo. O nome impressiona, mas a autoridade, o escopo e a responsabilidade são frequentemente mal definidos.
Já em empresas pequenas, empilhar cargos C-Level costuma ser mais vaidade do que gestão. É comum ver o dono que se chama CEO e, ao mesmo tempo, cuida do suporte, do financeiro e do Instagram. Às vezes isso serve como estratégia de branding. O problema é quando essa encenação vira autoengano: empreendedores criam títulos para alimentar o ego, fingem uma estrutura que não existe, e acabam tropeçando na própria ilusão.
Conclusão de C-Level importa?
Adotar títulos C-Level pode ser um marco de profissionalização e clareza organizacional — mas apenas quando esses cargos vêm acompanhados de estrutura, responsabilidades bem definidas e governança real. Assim, em grandes empresas, eles são essenciais para alinhar estratégias, comunicar com o mercado e distribuir autoridade. Entretanto em empresas médias e pequenas, muitas vezes funcionam mais como símbolo do que como função, podendo reforçar vaidades ou gerar confusão interna. No fim das contas, o que importa não é o título em inglês, mas a maturidade com que se exerce o papel. Então, um verdadeiro C-Level não precisa provar que é “Chief” no LinkedIn — ele demonstra isso na prática, todos os dias.
Ele atua/atuou como Dev Full Stack C# .NET / Angular / Kubernetes e afins. Ele possui certificações Microsoft MCTS (6x), MCPD em Web, ITIL v3 e CKAD (Kubernetes) . Thiago é apaixonado por tecnologia, entusiasta de TI desde a infância bem como amante de aprendizado contínuo.