Não basta ser, tem que parecer

Ser bom no que faz é fundamental. É o que sustenta a credibilidade, mantém a qualidade das entregas e constrói reputação no longo prazo. Mas no dia a dia das empresas, dos projetos, das reuniões e decisões rápidas, o que aparece é o que conta. Se você não se posiciona, não se comunica bem, não tem presença — seja física, digital ou simbólica —, sua competência pode passar despercebida. Isso não é apenas uma falha de marketing pessoal: é uma omissão de valor. E quando o valor não é percebido, ele simplesmente não existe para os outros. Portanto, não basta ser, tem que parecer, com coerência, clareza e intenção. Não se trata de virar um personagem, mas de representar com verdade o que você já é, de forma que o mundo possa reconhecer, confiar e valorizar.

Vivemos em um mundo onde competência, ética e entrega são essenciais, mas nem sempre suficientes. Porque, no fim das contas, não basta ser bom, é preciso também parecer bom, já que o valor percebido não nasce apenas do conteúdo, mas da forma como você se coloca, se comunica e se faz presente no contexto. O artigo Não basta ser, tem que parecer explora essa premissa com situações comuns às equipes de TI.

Mas, além desse artigo, aqui no blog também temos diversos outros artigos sobre kubernetes, desenvolvimento, gestão, devops, etc. Veja alguns exemplos: Diferenças entre Paradigmas, Axiomas e HipótesesDesenvolver na empresa ou comprar prontoFuja da otimização prematura, entre outros.

Seja você mesmo, mas com moderação

Tirinha sobre Não basta ser, tem que parecer

Para começar, um elemento importante para a boa vida em sociedade é o senso de identidade. Entender quem você é ,no seu íntimo, que valores defende, que sociedade espera, o que aceita e o que não admite, é essencial para ser completo. Entendo que isso é um exercício contínuo, ao observar dilemas e ser capaz de tecer soluções próprias, sem interferência de ideologias externas (ou o mais próximo disso). Mas, além disso, a individualidade se liga a comportamentos, hábitos, respostas automáticas, forma de se pôr. Tudo isso é muito superior ao mero acaso cotidiano e as pressões externas para não sermos nós mesmos.

Agora, saindo um pouco da individualidade vamos para a autenticidade. Nesse caso, estou falando do ser humanos e suas posturas para fora: o que ele exibe ou externa para os outros. Quando a exibição externa está bem alinhada com as percepções internas dos individuo temos autenticidade. Isso é lindo mas…

Considere o contexto

Outro ponto relevante a considerar é o contexto em que se está inserido. Numa reunião de gala, talvez não caiba um posicionamento beligerante, reclamão, sobre a falta de gentileza das pessoas, ou dos políticos. Entenda que alguns contextos esperam que a autenticidade aflore outros não. Essa leitura é muito importante: se você vive envolto de contextos que neguem sua autenticidade/individualidade, vejo duas opções. Uma, fazer um autoexame e rever seus valores, porque talvez seja não sejam esses e por isso você se envolva tanto com contextos incompatíveis. Dois, eliminar esses contextos da sua vida e buscar outros que te animem mais.

Por fim, entenda que há de se agir com inteligência. Não é por que você está envolto à contextos incompatíveis à sua individualidade/autenticidade que você deve agir sem respeito, sem intenção, sem vontade. Enquanto trabalhar fritando batatas no McDonalds, por mais que isso não seja seu sonho de vida, não há motivos para não querer ser o melhor com a ação, com os colegas, com os clientes e chefes.

O que é valor

Eu vejo muito valor em estar numa roda de amigos jogando conversa fora, vejo valor em ter um produto de qualidade e não necessariamente bonito, vejo valor em soluções que atendam o cliente no tempo adequado mas que não gere falhas no futuro próximo. Veja que a percepção de valor é algo único e particular.

Do ponto de vista da individualidade podemos citar valores como perdão, humildade, esperança, caridade, justiça, entre outros. Mas para outros a ação com intenção vale por si só e os valores que citei são apenas acidentes. A maneira que cada um observa a moral, seja ela pragmática (os fins justificam os meios), deontológica (a coisa é boa ou má por si só), é peça relevante da formação da individualidade.

Para as empresas, os valores têm um mecanismo um pouco diferente. Muitas empresas possuem estampados nos seus sites e paredes frases de efeito, cuidadosamente organizadas para dizer sinteticamente a maneira em que ela gera valor para a sociedade em troca de dinheiro (ou outro em caso de empresas de terceiro setor). Ela mostra a visão e missão, mas algumas expõe os valores. Quando não ignoram, elas contratam apenas pessoas alinhadas com esses valores e garantem que tudo gira em torno disso. Se a tese de missão e visão estão certas, juntar mais pessoas que compartilham esses valores tem como tendencia acelerar os resultados esperados.

Por outro lado, se a empresa ignora essas frases prontas do marketing, na prática, há uma massa amorfa onde os valores são observados no dia-a-dia a depender das pessoas e preferencias dos envolvidos. Esse é um cenário mais complexo politicamente, mas mais comum.

Não basta ser, tem que parecer: Percepção é parte do valor

Quando um desenvolvedor faz um software que ele considera impecável, utilizando DDD, Microserviços, que é escalável, etc. ele pode ter uma certeza de que deveria ser reconhecido e valorizado por isso. Seja com um agradecimento individual, coletivo, bônus, aumentos, promoções, etc. Isso pode ser verdadeiro ou não dependendo muito de cada organização/time/momento. Entretanto, a alta gerência tem uma percepção focada em expectativas menos técnicas, como um aumento do NPS, redução de custo, aumento de velocidade, produtividade, etc. A depender da gestão, os valores técnicos podem nem importar e bastar os valores de negócio; Mas o fato é que o negócio é o que explica a direção ter investido nos projetos.

Mas veja que há situações em que o profissional faz o trabalho tecnicamente impecável, mesmo com todas as adversidades comuns dos projetos, entrega o valor estratégico de negócio desejado, mas ainda assim não é suficiente. Esse é o cerne da minha tese: é imperativo gerar boa percepção. Em outras palavras, não basta ser bom, tem que parecer bom. Sem exageros que tornem mentirosa a exposição. Entenda de outro jeito: quando não há a venda adequada do trabalho, há uma omissão do valor. Então entenda que a percepção de valor compõe o próprio valor do que for entregue.

Conclusão de não basta ser, tem que parecer

Ser bom no que faz é fundamental. É o que sustenta a credibilidade, mantém a qualidade das entregas e constrói reputação no longo prazo. Mas no dia a dia das empresas, dos projetos, das reuniões e decisões rápidas, o que aparece é o que conta. Se você não se posiciona, não se comunica bem, não tem presença — seja física, digital ou simbólica —, sua competência pode passar despercebida. Isso não é apenas uma falha de marketing pessoal: é uma omissão de valor. E quando o valor não é percebido, ele simplesmente não existe para os outros. Portanto, não basta ser, tem que parecer, com coerência, clareza e intenção. Não se trata de virar um personagem, mas de representar com verdade o que você já é, de forma que o mundo possa reconhecer, confiar e valorizar.


Thiago Anselme
Thiago Anselme - Gerente de TI - Arquiteto de Soluções

Ele atua/atuou como Dev Full Stack C# .NET / Angular / Kubernetes e afins. Ele possui certificações Microsoft MCTS (6x), MCPD em Web, ITIL v3 e CKAD (Kubernetes) . Thiago é apaixonado por tecnologia, entusiasta de TI desde a infância bem como amante de aprendizado contínuo.

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